quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SHOW DO MEGADETH - EXPOMINAS - BELO HORIZONTE

    Por obra e graça das olimpíadas, a extensa tour brasileira do Megadeth - divulgando o sensacional Dystopia - não passou pelo Rio de Janeiro. Sendo assim, escolhi o show de Belo Horizonte para assistir. A capital com a cena mais importante da história do Heavy Metal nacional (Overdose, Sepultura, Sarcófago, Mutilator, Chakal e tantos outros surgindo praticamente juntos) pesou na escolha dessa vez, mas infelizmente o público atual não honrou sua tradição. Foram algo em torno de 1.500 pessoas num lugar enorme, dando uma sensação bem esvaziada. A participação foi mediana também, o que talvez tenha levado a banda ao corte da previamente presente Mechanix. Contudo, não foi suficiente para prejudicar o show antológico que Dave Mustaine, Kiko Loureiro, David Ellefson e Dirk Verbeuren - substituto de Chris Adler - entregaram aos mineiros.
    A banda está em estado de graça com a nova formação. O chefe Mustaine apresenta a melhor forma em muito tempo, e como resultado temos um disco fantástico lançado recentemente. Era natural esperar o grande show que a banda vem apresentando no país. Com clássicos a perder de vista misturados a muitas provinhas do novo disco, os presentes receberam muito mais do que mereciam na minha avaliação.
    Alguns problemas técnicos aparecem ao longo do show, mas muito tímidos. Posso citar o baixo de Ellefson em Hangar 18 por exemplo. A prova disso foi um intervalo um pouco mais longo antes de Tornado of Souls devidamente explicado por Mustaine. Comprometedor? NEM PENSAR! Se em algo passível de tal classificação, é o público mineiro e a escolha de um local enorme e desproporcional. O som, o que mais interessa, estava num volume muito legal e o palco igualmente ótimo em estrutura e "decoração".
    Indo para o que interessa, o Megadeth escolheu começar naquele estilo "se você não sabe o que é isso aqui, melhor dar um fora daqui". Tome a traulitada Hangar 18, hino absoluto presente na obra-prima Rust In Peace. Obviamente, quem foi se emocionou profundamente com o que estava vendo, cantando até os famosos coros na rifferama de Mustaine e Kiko. Com todos devidamente aquecidos, é hora de pular para o presente na ótima The Threat Is Real - já muito celebrada. Devido a qualidade dela, era de se esperar a total aprovação no teste do palco. Agora vem para mim o grande momento da noite. Tornado Of Souls é minha música preferida do Megadeth. A pérola de Rust In Peace apresenta a perfeição máxima dentro do Thrash Metal, algo digno de um legítimo "Big 4". Riffs, melodia, letras, solos e todo o resto - não existe absolutamente nada menos que perfeito nisso aqui. Poder ouvir tal maravilha ao vivo como uma banda afiada é uma dádiva dos deuses do Rock! Para completar, antes de começar ela, Mustaine deu seu boa-noite e dedicou a mesma para o recém falecido Nick Menza - baterista responsável pelas levadas insanas que Dirk Verbeuren honrou naquela noite. Ar reposto depois de tanta emoção, vem mais novidade -  Poisonous Shadows. Um dos muitos momentos de Dystopia com a marca de Kiko, era hora dele brilhar e ter seu nome gritado. O timbre imposto no som é digno de todos os elogios que Mustaine vem dando publicamente ao mesmo.
   Então é hora de nostalgia, numa dobradinha oitentista que se configurou em um dos melhores momentos da noite. Tocadas coladas, vemos Wake Up Dead - um dos muitos Thrasões magníficos de Peace Sells... but Who's Buying? - e a belíssima In My Darkest Hour - de So Far, So Good... So What! - matarem os velhinhos do coração. Ambas estão entre minhas preferidas, sendo que a última eu colocaria numa 2a colocação. Deu para notar que até aqui, a turma já tinha pago a viagem e o ingresso não? Não tenho como descrever a sensação de urrar cada verso delas junto com Mustaine ao vivo. Voltando a Dystopia, vem a maravilhosa instrumental Conquer or Die!. Não tem como não dar destaque absoluto para Kiko nela. O nosso representante teve aqui sua devida apresentação aos fãs da banda que por acaso não conheciam tão bem seu trabalho no Angra. Em seguida vem para mim a melhor nova. Fatal Illusion é digna dos melhores trabalhos do Megadeth, e teve seu final alucinante como ponto forte. Então chega a hora de mais uma sequência de clássicos daquelas. She-Wolf representa um dos poucos momentos grandiosos de Cryptic Writings, sendo uma das mais celebradas da noite. Em seguida vem o momento solo de David Ellefson com a tímida Dawn Patrol tocada com um playback apenas com ele no palco - tocando, apesar do som ao fundo. É a deixa para outro grande momento da noite, que foi simplesmente Poison Was The Cure - outro som daqueles de Rust In Peace. Os fãs mais entusiasmados não acreditavam no que estavam vendo. Então hora de Coutdown to Extinction dar as caras, com o clássico Sweating Bullets. A Tout Le Monde vem em seguida para fazer até uma pedra se emocionar. A cantoria final rolou, mas muito mais timidamente do que de costume. Trust - outra sempre presente - segue com a sinfonia. Post American World é antecedida por uma apresentação de Mustaine como uma das preferidas dele no novo trabalho. O mesmo aproveitou para deixar claro a ausência de preconceitos dela de forma até certo ponto emotiva - a despeito das críticas que disse ter recebido por ela. Citou como exemplo ter um brasileiro e um belga na banda inclusive. Seja como for, o que interessa é que a música é mais um grande momento do novo disco. Sua faixa-título encerra a participação de Dystopia no show. Agora ele se encerra com os 3 maiores clássicos do Megadeth - e um pandemônio na pista. Symphony of Destruction, Peace Sells e Holy Wars devastam qualquer fã da banda - tendo seus versos na memória ao longo dos dias que vem a seguir. Antes de Holy Wars, Mustaine da mais um discurso sobre como ela é real nos loucos dias que vivemos atualmente. Ele não deixou de apresentar seu desgosto com o atual presidente americano, mas como disse em seguida, não vamos falar muito disso.
     Mesmo com um público abaixo do esperado em todos os sentidos. o Megadeth fez uma apresentação antológica. Os que reclamam "Tal banda não vem em BH" deveriam pegar essa noite como exemplo para tentar fazer melhor numa próxima vez. Eu até confesso certo arrependimento por não ter visto o show de São Paulo, mas a felicidade de ter visto uma das minhas bandas preferidas em grande forma apresentando um setlist primoroso supera tudo. Se o Megadeth vem muito, depois do que vi espero que venha é muito mais! 

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