segunda-feira, 12 de maio de 2014

RAIMUNDOS-RAIMUNDOS

  No ano de 1994, uma banda diferente de tudo que já existiu no nosso Rock lançava o seu 1o disco. Os Raimundos traziam uma forte influência da música nordestina, tanto nas letras quanto no ritmo, e misturavam isso tudo com o hardcore mais brutal possível. O resultado de tudo isso foi genial, eternizado no seu melhor álbum feito até hoje. Rodolfo, Canisso, Digão e Fred começavam a fazer história, com letras sacanas e engraçadas, e um instrumental pronto para formar um mosh pit daqueles.
  A abertura vem logo com o maior clássico deles até hoje, Puteiro Em João Pessoa. O título já diz tudo, mostra o espirito dos garotos, que antes de mais nada queriam fazer um som honesto e no qual eles acreditavam, nada pré-fabricado visando apenas o sucesso a todo custo. A letra contava as aventuras dos jovens até o encontro com as meretrizes, com tudo cantado numa velocidade avassaladora, ficando quase impossível cantar junto. Isso já era um belo resumo de tudo o que os Raimundos fariam dali para frente. Palhas do Coqueiro tem uma letra de homem aparentemente premiado com um par de chifres. A música tem uma pausa, e as coisas saem do controle no quesito velocidade. Já participei de moshs brutais em apresentações da banda neste momento, já que a música é sempre presente nelas. MM's é um hardcore típico, muito influenciado por bandas como Suicidal Tendencies por exemplo. Minha Cunhada é outra paulada nos tímpanos, com menos de 2 minutos de duração e letra ''pornográfica''. Nada mais Raimundos que isso. Repente se tornou um grande clássico da banda, com uma levada um pouco mais dançante, deixando claro a influência nordestina. A coisa ganha peso em certo momento, o que transforma essa música em algo espetacular. Carro Forte é mais uma que segue a linha mais hardcore do trabalho, seguida pelo clássico Nêga Jurema. A música é outra rápida e direta, com uma letra que fala sobre a sempre polêmica erva. Rola uma veloz história sobre a chegada de uma donzela trazendo a mercadoria para rua do pessoal, o que causa um certo alvoroço. Essa é uma das músicas mais alucinantes do disco, daquelas que te convocam para o bate-cabeça. Deixei de Fumar/Cana Caiana é uma letra da lenda Zenilton, que viu o seu Forró virar um Harcore espetacular nas mãos dos Raimundos. O mesmo se aplica a Cajueiro/Rio das Pedras, a minha música preferida da banda. Bê a Bá é aberta pelo baixo da Canisso, com um riff marcante. A música é outra maravilha que sempre é lembrada nos shows da banda. Bicharada acaba passando despercebida no meio de tanto clássico. Marujo conta a história de um homem que deixa uma vida de lado para viver aventuras ao mar, tudo com o peculiar humor da banda. A frase ''é por isso que o Raimundos nunca vai se acabar'' virou um lema para os fãs depois de tudo que a banda passou. Cintura Fina conta um acontecimento que é rotina na vida de um homem. A cachaça o fez levar para casa uma criatura horripilante, que proporciona um belíssimo susto ao acordar. Uma letra genial. Selim virou um grande sucesso, que quase não entrou no disco. Ela é uma narração pra lá de engraçada sobre os desejos da banda de se tornar um banco de biscicleta, para ver melhor a cidadã que nele se assenta. A letra não tem nenhum palavrão, e sempre garante boas risadas ao ouvinte.
   Estava pronto um verdadeiro marco no Rock  brasileiro, levando uma banda que transborda peso e com letras impossíveis de serem divulgadas na grande mídia direto para o mainstream. Uma banda com personalidade, acreditando no seu som, fez o que deu na cabeça e conquistou tudo com muito merecimento, sendo lembrada depois de anos e anos com muito carinho pela sua legião de seguidores.

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