sexta-feira, 9 de maio de 2014

SHOW DO MARKY RAMONE+MICHALE GRAVES-TEATRO ODISSEIA-RIO DE JANEIRO

  O que aconteceu na noite de quarta-feira no Teatro Odisseia foi uma grande prova de imortalidade da verdadeira arte. Todos nós somos seres humanos, e um dia o nosso ciclo por aqui se encerra, mas o que fizemos por aqui ficará para sempre marcado. Infelizmente, Dee Dee, Johnny e Joey não estão mais aqui, e mesmo assim a paixão que a música feita por eles ainda causa nas pessoas é de se impressionar. Marky Ramone, baterista da banda por 15 anos de sua trajetória, e responsável pelas baquetas em clássicos como Road to Ruin, End of the Century e Pleasant Dreams, se apresentaria por aqui com a sua banda, levando para o Teatro Odisseia um público jamais visto por lá. Para completar, o vocalista é simplesmente o senhor Michale Graves, que fez parte do Misfits no seu retorno nos anos 90. Da ex-banda dele, só duas músicas foram lembradas, então a noite foi basicamente feita por clássicos dos Ramones, com ênfase nos discos Rocket To Russia e Ramones. O amor que todos os presentes tinham pela obra do Ramones era de se impressionar, e o fato de muitos deles não terem tido a oportunidade de ver a banda ao vivo os deixou com uma vontade ainda maior de ouvir todas aquelas musicas.
  Com a casa abarrotada de gente, Marky e Graves sobem ao palco, junto dos ótimos músicos argentinos que acompanham a banda no baixo e guitarra. Já mandando a espetacular Rockaway Beach, da obra-prima Rocket To Russia, a casa vai abaixo. Um mosh brutal é aberto mais próximo ao palco, e dali para frente não tem descanso. Teenage Lobotomy se inicia, com a única falha da noite. Michale se confunde, e começa a cantar R.A.M.O.N.E.S no lugar, sendo que o instrumental estava perfeito. Logo todos pararam e a música recomeçou. Isso perto do que foi o show não era nada. Um show dos Ramones era para quem tem disposição, normalmente com 30 ou 40 músicas tocadas em pouco mais de 1 hora. O que aconteceu foi exatamente isso, com uma banda absolutamente acertada tocando tudo o que aqueles amantes do Ramones queriam ouvir. Psycho Therapy fez todos irem a loucura com uma velocidade acima do normal, sendo seguida pela fantástica Do You Wanna Dance?. I Donn't' Care, que a Legião Urbana copiou o riff descaradamente na música Que País É Esse, foi também muito celebrada. Sheena Is a Punk Rocker e Havana Affair, dois verdadeiros hinos da banda provocaram um tsunami na pista. Nada de descanso depois disso, e tome mais Tomorrow She Goes Away, Commando,  I Wanna Be Well e Beat on the Brat. O que falar disso, hinos do Punk Rock mundial saindo pelo ladrão, e um público que celebrava cada verso deles com uma paixão difícil e ser explicada. 53rd & 3rd, o dito endereço de prostituição de Dee Dee, Now I Wanna Sniff Some Glue, Gimme Gimme Shock Treatment, Rock ‘N’ Roll High School, Oh Oh I Love Her So  e Judy Is a Punk, para mim a melhor música da banda, continuam com a avalanche de clássicos. Depois disso, vieram 3 músicas que sempre matam os fãs do coração. I Belive In Miracles foi cantada com a alma de cada presente, assim como The KKK Took My Baby Away, uma obra fabulosa feita por Joey em vingança a traição de sua namorada com o guitarrista Johnny e Pet Sematary, uma das músicas mais conhecidas e emocionantes da banda. O show tinha pouco papo dos integrantes com o público, era uma porradaria sem fim. Chinese Rock, a devastadora I Wanna Be Sedated, Loudmouth, I Don’t Wanna Walk Around With You e Pinhead, com o famoso coro de GABA GABA HEY no final, fecharam a 1a parte do show de maneira espetacular. Ninguém ali tinha do que reclamar, era Ramones tocado na essência. No retorno, Marky dedica Do You Remember Rock ‘N’ Roll Radio? ao baixista Dee Dee, e segue com I Just Want to Have Something to Do, She’s the One, California Sun, Have You Ever Seen the Rain? (peculiar versão do Creedence Clearwater Revival), Cretin Hop e R.A.M.O.N.E.S., a homenagem que o Motorhead fez para a banda. Finalmente, Michale canta um pouco de Misfits, sozinho no palco com um violão. Dig Up Her Bones e Saturday Night, ambas do clássico Famous Monsters, são cantadas por todos em uma versão bem mais lenta do que a original. Para encerrar o show com chave de ouro, vem Life’s a Gas, What a Wonderful World e uma tal de Blitzkrieg Bop.
   Foi um setlist impecável, cantado por uma banda em grande forma junto dos amantes da banda, que chega a ser uma verdadeira religião para os mesmos. Eu tinha visto o Marky tocando com a banda Tequila Baby, no Circo Voador em 2006, quando tinha apenas 14 anos. Ramones foi uma das bandas que me apresentou ao Rock, e cada minuto daquela apresentação foi especial, uma grande viagem por toda a minha vida. O que existe de mais próximo ao que era o show da banda é isso que vivemos no dia 7 de maio, e todos nós que não temos idade para ter acompanhado os Ramones agradecemos ao grande Marky Ramones, que mostrou ter uma disposição de garoto, ainda espancando a bateria no final como se não houvesse amanha.

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