quarta-feira, 14 de maio de 2014

SHOW DO EDDIE VEDDER-CITIBANK HALL-RIO DE JANEIRO-NOITE 1

  O vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, viria ao Brasil pela 4a vez, agora sem a sua banda, para 5 shows solos no Rio de Janeiro e São Paulo. Eu tive a honra de ter visto o Pearl Jam ao vivo nas duas vezes em que eles vieram ao Brasil para shows solos (só não tive disposição para aturar a avalanche de indies do Lollapallooza do ano passado), e foram dois dos maiores shows da minha vida. Os ingressos para essa 1a apresentação se esgotaram em apenas 1 dia, mesmo com os preços abusivos cobrados. Fiquei no lugar mais barato e distante do palco, mas de lá era possível assistir ao show perfeitamente. O Citibank Hall é a melhor casa de espetáculos do Rio. Ela fica no subsolo de um shopping, e nele tem estacionamento e inúmeros bares e restaurantes para o esquenta, alem da ótima visão do palco e acústica fenomenal. Já assisti a shows inesquecíveis lá, como Ozzy Osbourne, Dream Theater, Shaman, Faith No More, Alice Cooper e Ira!, mas infelizmente nos últimos anos a casa vem abrindo espaço predominantemente para artistas de gosto duvidoso. O show era intimista desta vez, com cadeiras cobrindo toda a pista e a obrigatoriedade de nelas ficar sentado. Antes do show, a produção falou o obvio, que não era para filmar, porque o show de verdade estava acontecendo ali. Acontece que hoje em dia existe uma necessidade de se filmar um show inteiro, sabe-se lá para que, e as pessoas simplesmente não sabem como agir sem as malditas câmeras. O público era bem dividido, muito por causa dos altíssimos preços. Muitos almofadinhas com blusas de marca que pouco conheciam a banda se faziam presentes, no lugar de verdadeiros fãs com menos grana no bolço. O público da banda mesmo estava vestido quase que uniformemente com camisas do Pearl Jam e Ramones, e cantavam tudo.
  Eddie Vedder veio realmente sozinho, o show era só ele tocando violão e guitarra, sua voz e o poder inconfundível das músicas do Pearl Jam, ao lado de covers e músicas de sua carreira solo. A abertura ficou por conta do grande clássico do Pink Floyd Brian Damage, que ficou quasse irreconhecivel na versão voz/violão de Eddie. A música sem os solos de Guilmor e o baixo de Waters vira outra coisa, que eu só reconheci no verso ''The paper holds their folded faces to the floor''. Mesmo assim, ficou legal. A segunda música já apresenta um pouco da banda que consagrou Eddie, o Pearl Jam. Sometimes, que abre o 4o disco da banda, No Code, foi celebrada pelos verdadeiros amantes da banda. As duas próximas foram covers, de Trouble de Cat Stevens e Good Woman da ídolo indie Cat Power (?). Era hora de ouvir mais Pearl Jam, com a espetacular Thumbing My Way, do grande disco Rio Act, uma escolha mais do que acertada.  Ainda no mesmo Rio Act, veio a música que abre o disco, Can't Keep. Depois dessas duas maravilhas, tivemos um pouco da sua carreira solo, com Sleeping By Myself, Goodbye e Light Today. Agora veio I Am Mine, uma das músicas que me apresentaram ao Pearl Jam, quando eu tinha algo em torno de 12 anos. Para mim foi um grande momento, porque ela é extremamente marcante para mim. Até então eu estava me segurando na cadeira, por pura obrigação do show em questão, mas agora não dava. Levantei até o corredor próximo ao meu lugar, bem no canto esquerdo da casa, mas o segurança já exigiu que eu sentasse. Foi de perder a paciência, porque eu estou acostumado com shows de Rock, e não balé no municipal, mas aceitei a decisão e assisti sentado. Depois disso, veio o grande clássico Better Man, tocada bem diferente da versão original, mas ainda muito interessante. Agora era hora de ouvir mais um pouco da carreira solo, com Far Behind, Setting Forth, Guaranteed e Long Nights, essa última junto com Glen Hansard, que fez a abertura do show. Era a 1a vez que Eddie Vedder tinha alguma companhia no palco, e sozinho ele conseguia fazer um show fantástico. Algo absolutamente notável, poucos artistas teriam tal capacidade. Veio então o interessantíssimo cover para You've Got to Hide Your Love Away dos Beatles, muito bem feito e uma escolha para lá de acertada, até por causa da ótima adaptação vocal de Vedder a música. Depois vem mais um cover fantástico, o já tradicional I Belive In Miracles dos Ramones, sempre presente nos shows do Pearl Jam. Com voz e violão, ela ficou bem diferente, mas todos cantaram junto e puxaram o coro ''hey ho, let's go!!!''. Eddie então contou da importância que os Ramones tem na sua vida profissional e pessoal. Veio então o grande momento do show, a indescritível Immortality, de Vitalogy, terceiro disco do Pearl Jam. Ela é uma das minhas músicas preferidas da banda, e me emocionou profundamente. Arranjei um lugar bem no fundo da casa para poder ficar em pé e cantar a música com o fundo da alma. Então era hora de mais covers, com The Needle and the Damage Done do grande Neil Young e 4th Of July da banda X. Então vem um pouco mais de Pearl Jam, com Just Breathe. A música é fantástica, e uma escolha bem obvia por ser feita no esquema voz/violão que era a dinâmica  do show. Outra música fantástica para engrandecer ainda mais o espetáculo. Vem então outra maravilha, Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town, de Vs. Mais uma daquelas músicas que é dificil encontrar palavras para descrever, de tão boa que é, e outra que está no meu top 10 da banda. Com Glen de volta ao palco, vem mais cover por ai, com Sleepless Nights do The Everly Brothers e Society de Jerry Hannan. Agora veio uma que eu não esperava, como é tradicional no setlist sempre surpresa do Pearl Jam. Nada menos que Present Tense, de No Code. Para respirar fundo, veio Falling Slowly do The Swell Season. Eddie então chama um felizardo da platéia para cantar um pouco de The Clash para galera, com o clássico Shoud I Stay Or Shoud I Go, a música mais conhecida da lendária banda. Ele manda bem, transborda felicidade, até levanta Eddie com um caloroso abraço.  Finalmente, Ten, o maior clássico do Pearl Jam aparece, com a fantástica Porch. Ela transborda peso, e fica muito legal no violão de Eddie. A compostura vai para o espaço, todos se levantam, pulam e cantam como se não houvesse amanha. As covers, Hard Sun e Dream A Litle Dream Of Me fecham com chave de ouro um grande show.
   Pela 3a vez na vida, fico de queixo caído depois de um show de Eddie Vedder. Ele é a alma do Pearl Jam, e dessa vez literalmente sem banda mostra o artista fenomenal que é, em conjunto com um repertório perfeito fez um grande show de Rock. Mesmo com apenas 1 instrumento e voz, é possível sim fazer Rock, e da melhor qualidade. Que Eddie Vedder volte em breve, junto com o Pearl Jam, porque é certeza de diversão.

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